terça-feira, 15 de setembro de 2009

Lobos Maus e a Nova Ordem Mundial

É uma época de lobos-maus. A lógica corresponde aos fatos - e vice-versa: se há tantos porcos canalhas e maléficos, como vilões de fábulas, transformando simples espirros gripais em pandemias generalizadas, neuroses hipocondricamente domésticas papagueadas nas bocas de botox matriacais nas saídas dos colégios, manchetes quantitativas garantindo boas vendagens, pautas jornalísticas como cachoeira a jorrar nos editoriais, então é hora de reconhecer a necessidade dos lobos maus.

Se é para acabar com a histeria dos porquinhos gripais, pega um fim e justifica seu meio. O lobo mau vai assoprar, assoprar e com a gripe suína vai acabar. No final da fábula é ele quem vai morar na casa de tijolos, é a imagem dele que estará nas lancheiras e mochilas das crianças, é a ele quem as mães vão recorrer para dar exemplo de esforço e determinação pessoal, e aprendizes exercerão a prática a sua imagem e semelhança. Com sua cara de hiena católica e hálito brando de vovozinha - resquícios de passados que não importam mais – estampada em nossas novas lembranças nos acostumaremos com os lobos maus entre nós.

E quando a gripe acabar eles se tornarão profissionais liberais, funcionários públicos, prestadores de serviço, cumprirão funções sociais importantes no nosso dia a dia. Alguns – com certeza - se tornarão políticos influentes e, quem sabe, até formarão uma bancada política com lobos lobbystas defendendo o uso de dentes na nova sociedade por eles tansformada.

Assim como o cristianismo derrubou o Império Romano, numa espécie de gráfico de oposições proporcionais, a gripe suína elevará - pelo o acaso - a nova ordem mundial dos seres humanos, a raça dos lobos maus.